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O centro espírita e o nosso progresso espiritual




Vinícius Lima Lousada[1]


A cada dia, perseverando unânimes no templo, partindo o pão em casa, recebiam o alimento com alegria e simplicidade de coração, (...). (Atos 2:46)[2]



Allan Kardec, em sua investigação levada a cabo com os Espíritos Superiores a respeito da Lei Natural, teve oportunidade de recolher como ensino de seus gabaritados informadores que a reencarnação, ou seja, a volta do Espírito à vida corpórea, é uma necessidade do ser, em conformidade com os desígnios de Deus.

É o que verificamos em instrutivo artigo da Revista Espírita:

A encarnação é, pois, uma necessidade para o Espírito que, realizando a sua missão providencial, trabalha para seu próprio adiantamento pela atividade e pela inteligência que ele deve desenvolver a fim de prover à sua vida e ao seu bem-estar.[3]


Assim, o Espiritismo retoma aquele ensinamento dado por Jesus ao doutor da lei Nicodemos e que fazia parte de Sua doutrina: a reencarnação. O Espírito carece de passar por experiências em sucessivas vidas a fim de aprender tudo quanto seja útil para o seu progresso no âmbito do intelecto e da moralidade por mérito próprio, através do trabalho que empreenda no cuidado com a própria existência e a partir das oportunidades que as circunstâncias oferecem, naturalmente, em sintonia com as suas necessidades evolutivas.

A Doutrina Espírita surge em nossa caminhada, enquanto indivíduos e membros de uma coletividade planetária, visando facilitar, pelo conhecimento que oferece da Lei Divina, um estado de evolução consciente de modo a assumirmos as rédeas de nossa jornada evolutiva, comprometendo-nos moralmente a sermos senhores de nossas escolhas e, portanto, de nossos processos educativos.

Lembra Allan Kardec que “A crença no Espiritismo só é proveitosa àquele de quem se pode dizer: Vale mais hoje do que ontem."[4] Logo, conclui-se que o objetivo da Doutrina é o nosso progresso espiritual. Nesse sentido, o centro espírita enquanto um núcleo de estudo, divulgação e prática do Espiritismo se apresenta como uma instituição eminentemente educativa através dos serviços que presta e nos convoca a buscarmos, em suas atividades, tudo quanto nos ajude neste propósito.

Quando vamos estudar com o professor Herculano Pires a função e significado do centro espírita, o filósofo nos lembra que

Organizado o Centro, com uma denominação simples e afetiva, com o nome de um Espírito amigo ou de uma figura espírita abnegada, de pessoa já desencarnada, preparados, aprovados em assembleia geral e registrados os estatutos, sua função e significação estão definidas como estudo e prática da Doutrina, divulgação e orientação dos interessados, serviço assistencial aos espíritos sofredores e às pessoas perturbadas, sempre segundo a Codificação de Allan Kardec.[5]


Desta forma, o centro espírita mantém atividades direcionadas ao auxílio do próximo, encarnado ou desencarnado, e nos impulsiona ao exercício da caridade no cumprimento de nossas responsabilidades espirituais, devendo o adepto da Doutrina integrar-se à instituição a qual esteja vinculado como uma prioridade reencarnatória que, certamente, constitui em uma grande oportunidade de renovação e aproveitamento do tempo mediante o trabalho de libertação de outras consciências via esclarecimento.

Enfim, urge considerar o centro espírita como um educandário que colabora, quando as experiências que oferta são bem vivenciadas por seus trabalhadores e participantes, com o progresso espiritual de todos de forma indelével e nas diferentes fases de sua reencarnação.

Estudar, viver e divulgar o Espiritismo na simplicidade e coerência que recebemos de Allan Kardec é o mínimo dever que nos cabe, podendo ser realizado de diferentes modos, consoante as possibilidades que se nos apresentem a partir do centro espírita, este posto avançado dos Bons Espíritos para a espiritualização do ser integral.

Apoiamos as ideias acima no que diz Allan Kardec sobre o efeito da comunhão do pensamento, aliás fundamental para o significado do centro espírita e para a sua vitalidade:

(...) pela comunhão dos homens se assistem entre si, e ao mesmo tempo assistem os Espíritos e são por estes assistidos. As relações entre o mundo visível e o mundo invisível não são mais individuais, são coletivas, por isto mesmo são mais poderosas para o proveito das massas, como para o dos indivíduos. Numa palavra, estabelecem a solidariedade, que é a base da fraternidade. Ninguém trabalha para si só, mas para todos, e trabalhando por todos, cada um aí encontra a sua parte. É isto que o egoísmo não entende.[6]


Observando os aspectos espirituais da dinâmica de um centro espírita, onde a solidariedade entre os dois planos da vida nos conclama à fraternidade, aprendemos que todos somos cooperadores e, estando cônscios do propósito deste em auxiliar-nos em nosso progresso espiritual, façamos os melhores esforços para que o centro onde mourejamos seja “(...) detentor da confiança da Espiritualidade esclarecida, a qual o elevará à dependência de organizações modelares do Espaço, realizando-se então, em seus recintos, sublimes empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos dois planos da Vida.”[7]


Referências: [1] Vice-presidente de Unificação da Fergs. [2] O Novo Testamento. trad. Haroldo Dutra Dias. FEB. Edição do Kindle. [3] KARDEC, Allan. Do princípio da não-retrogradação do Espírito. In: Revista Espírita. Junho de 1863. [4] KARDEC, Allan. O espiritismo na sua expressão mais simples. trad. Evandro Noleto Bezerra. FEB. Edição do Kindle. item 39. [5] PIRES, Herculano. O centro espírita. São Paulo: Paideia, 2019. Edição do Kindle. [6] KARDEC, Allan. Sessão Anual Comemorativa dos Mortos. Discurso de abertura pelo Sr. Allan Kardec: O Espiritismo é uma religião?. In: Revista Espírita. Dezembro de 1868. [7] PEREIRA, Yvonne do Amaral. Dramas da obsessão. Pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes. 11. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2013. Edição do Kindle.

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