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Deixar o barco e o pai




“Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.” (Mateus 4:22)


Na definição dos primeiros discípulos, o Mestre da Cruz buscou pescadores simples e, por certo, naquele caso específico, Espíritos com o coração aberto às lições imperecíveis do Reino. Simão Pedro e seu irmão André, Tiago e seu irmão João, estes dois, filhos de Zebedeu.

Ser pescador era uma contingência profissional daqueles homens, um trabalho simples e complexo ao mesmo tempo, conectado com a dinâmica da Natureza, com as determinações do clima, pedindo-lhes uma compreensão diferenciada em relação ao Lago de Genesaré, sobre o comportamento dos peixes, a arte de lançar as redes e o serviço em comum.

Nos parece que se tratavam de corações simples, não capturados pelas complicações teológicas dominantes, eram desataviados dos excessos do formalismo religioso da época. Eram galileus! Pescadores galileus voltados à vida prática, na luta pela sua sobrevivência e dos seus.

Diz a narrativa neotestamentária que Jesus estava circulando junto ao lago, também conhecido como o Mar da Galiléia ou Tiberíades, quando os encontrou pescando. Era um lago com abundância de peixes e sujeito a tempestades, mensurado com 21 Km de norte a sul e com largura de 13 km.(1)

Ele fez o convite assertivo de se tornarem pescadores de homens, se fossem após Ele, quer dizer, se O seguissem. Evidentemente o chamado daquele Rabi ecoou profundamente em seus corações, despertou-lhes as consciências a deveres antes assumidos… Era preciso entregar-se à outra pescaria, aquele momento era a hora de embarcar em nova nau.

Dada a superioridade da natureza moral de Jesus, como referido por Allan Kardec, “(…) um Espírito superior, (…) um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. (...)”(2), eles sofreram o influxo de Sua autoridade através da influência de Sua própria atmosfera fluídica que os envolveu, de tal forma, que lhes permitiu a lucidez necessária para que fizessem a escolha por “(…) deveres que se sobrepõem a outros deveres."(3), devidamente alinhada aos seus programas reencarnatórios.

Pedro e André largaram as redes e foram ter com Ele, mas Tiago e João deixaram a embarcação e seu pai para acompanhá-Lo. Havia a demanda por um desapego relativo em relação ao meio de vida e ao laço familiar. Relativo, não absoluto, o que seria contraditório com outros ensinamentos de Jesus. Mas, o fato é que o movimento deles é de deixar o barco e o pai em segundo plano ante deveres maiores, convidando-nos a colocarmos a espiritualidade acima das demandas da materialidade da vida.

Mas, de qualquer forma, seguir o Evangelho era – como é ainda hoje – aderir a um novo paradigma, a um novo modo de ver e viver, partindo da posição moral de habitualidade para peregrinar em novos caminhos de serviço ao próximo e renovação no mundo íntimo.

De fato, como ensinou Alcíone, “(…) o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem conhecimento e aplicação de todos os detalhes.”(4)


Vinícius Lima Lousada(5)

Referências:

(1) KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. Barueri/SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015. Verbete

(2) KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o espiritismo. FEB. Edição do Kindle, p. 305.

(3) KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. FEB. Edição do Kindle. p. 283.

(4) XAVIER, Francisco Cândido. Renúncia. Pelo Espírito de Emmanuel. FEB - Edicei of America. Edição do Kindle, p. 269.

(5) Vice-presidente de Unificação da Fergs.


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