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Fé na Vida, apesar de tudo


“Não desespera, segue!

É longo o caminho...


Descansa apenas, conquiste mais forças Para atravessar o seu jardim de espinhos. De tanto querer descobrir e respostas não encontrar Talvez o segredo seja pensar: Será que somos nós quem dá sentido à vida, ressignificando o que com o tempo se perdeu?”


Esperamos, desde logo, trazer consolo e esperança ao teu coração, afirmando de maneira clara e direta desde o início de nosso artigo: Tenha Fé na Vida, apesar de tudo!

Há momentos em que o desânimo e a tristeza tomam conta de nossos corações. São situações variadas e que nos impactam a ponto de ficarmos prostrados, literalmente caídos no chão.

Imagino que você poderá nos perguntar:

- Como ter fé na vida, diante de tudo o que estou passando? Você tem ideia do que estou vivenciando? Você estava morando em outro planeta e chegou na Terra faz alguns minutos? Você não está vendo o que está acontecendo?

Temos a exata noção do que todos nós estamos vivenciando. Doença, isolamento, morte e luto como nunca vistos na história da humanidade. Sabedores disso tudo, voltamos a afirmar: Tenha Fé na Vida, apesar de tudo!

Imagino, mais uma vez, que você irá nos perguntar:

- De onde vem essa convicção? De onde vem essa certeza?

Pretendemos contar duas histórias de dor e consolação, bem como falar sobre o abençoado caráter consolador do Espiritismo.

Possa a espiritualidade amiga trazer-nos consolo através do reforço de nossa coragem, paciência e resignação, trazendo nosso significado aos nossos sentimentos.


“Que consigamos sorrir Para quem está com o sorriso entristecido... E se o seu sorriso entristeceu, Se seu olhar perdeu o brilho... Siga, pois só lá na frente, Com a alma mais serena e tranquila Terás o entendimento do porquê de tantos sofrimentos, E poderás então, abandonar sentimentos Que atrapalham o amadurecimento!”


A Bíblia está repleta de histórias de dor e de superação, mas gostaríamos de relembrar uma em especial.

Conta-nos a tradição judaica que Abraão vivia na cidade de Ur na Babilônia (atual Iraque) há aproximadamente 3.900 anos atrás (por volta de 1.800 aC)[1], podendo ser conhecida sua história no livro Gênesis da Bíblia[2].

Abraão era casado com Sara e não possuíam descendentes quando ouviu a seguinte promessa: “Farei a sua descendência como o pó da terra, de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então será possível também contar os seus descendentes” (Gênesis 13:16).

Tal afirmação deixou Abraão perplexo, pois tanto ele como a mulher eram idosos e não poderiam ter filhos. Sara toma sua serva egípcia Agar e a dá por mulher a Abraão, conforme o costume da época. A escrava fica grávida de Abraão e dá à luz a um menino de nome Ismael[3] (Gênesis 16:15-16). Quando Ismael está com 14 anos, Sara engravida e dá à luz a Isaac. Tanto o nascimento de Isaac como a tragédia de Agar e Ismael são narrados no capítulo 21 do Gênesis.

Cria-se um drama na casa de Abraão, pois o filho da escrava (Ismael) seria herdeiro ao lado do filho da senhora (Isaac), inclusive devendo-lhe obediência e lealdade por ser o primogênito. A situação piora quando Sara vê Ismael zombando de Isaac. Sara fala para Abraão: “Mande embora essa escrava e o filho dela, porque o filho dessa escrava não será herdeiro com o meu filho Isaac.” (Gênesis 21:9)

Quanta pobreza de espírito de Sara e quanta dor no coração de Abraão, pois foi proposto que expulsasse para o deserto seu filho e a mãe dele!

Narra-nos a Bíblia que Abraão recebe a seguinte orientação: “Não fique incomodado por causa do menino e por causa da escrava. Faça tudo o que Sara disser, porque por meio de Isaque será chamada a sua descendência. Mas também do filho da escrava farei uma grande nação, porque ele é seu descendente” (Gênesis 21:12-13).

Abraão efetivamente expulsa Agar e Ismael, fazendo com que tenham que vagar sem rumo pelo deserto de Berseba apenas com um pão e uma bolsa de couro com água (odre).

Há uma gravura belíssima de Gustave Doré[4] que retrata esse momento impactante:



Quanta tristeza consumia seu coração de mãe? Podemos imaginar?

A pequena quantidade de água acaba. Agar protege o menino na sombra de um pequeno arbusto e afasta-se dele, pois não tem coragem de vê-lo morrer de sede. Não mais suportando a dor, Agar eleva sua voz e passa a chorar. Está tudo perdido. Sua vida não tem sentido.

Nesse momento de dor e desespero acontece a grande reviravolta da história e a tragédia é evitada. É necessário transcrever integralmente o respectivo trecho da Bíblia:

Deus, porém, ouviu a voz do menino. E, do céu, o Anjo de Deus chamou Agar e lhe disse: — O que é que você tem, Agar? Não tenha medo, porque Deus ouviu a voz do menino, aí onde ele está. 18 Ponha-se em pé, levante o menino e segure-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo. 19 Então Deus lhe abriu os olhos, e ela viu um poço de água. E, indo até o poço, encheu o odre de água, e deu de beber ao menino. 20 Deus estava com o menino, que cresceu, morou no deserto e se tornou flecheiro. 21 Ele morava no deserto de Parã, e a mãe dele o casou com uma mulher da terra do Egito” (Gênesis 21:17-21).

Gostaríamos de chamar a atenção para os seguintes detalhes:

(1) esta é a primeira referência a um anjo no Velho Testamento;

(2) a providência divina ouve a voz do menino, ou seja, enquanto Agar chorava seu filho Ismael orou;

(3) a providência divina imediata e terapeuticamente permite a Agar falar sobre seus problemas quando indaga: “O que é que você tem, Agar?”, já que falar é a melhor opção - exatamente como fazem diariamente os voluntários no atendimento junto ao Centro de Valorização da Vida – fone 188;

(4) a providência divina acalma Agar dizendo para que não tenha medo, pois o menino foi ouvido e uma solução poderá ser encontrada;

(5) a providência divina reforça o ânimo de Agar dizendo para que ela se colocasse de pé, levante o menino e o segurasse pela mão, encorajando-a a auxiliar; e por fim

(6) a providência divina abre os olhos de Agar, fazendo com que ela visse um poço de água que estava próximo deles.

Em momento algum a sede foi milagrosamente abrandada, a água foi materializada no odre vazio ou foi criada uma ilusão que mistificasse Agar. O auxílio veio, mas através de incentivo e reforço do ânimo de Agar. Cumpriu-se uma antiga orientação que já nos alertava: “Ajuda-te, que o céu te ajudará”.


“Os sonhos são espelhos, que refletem nossa alma Impulsionam para a vida e às vezes, tiram a calma. Se as coisas não dão certo, mesmo assim, tente...

Aprenda com os erros e levanta,

Se tropeçar, não esquece: Sonhar é incrível, persistir na busca é o combustível...


Aproveita a vida com tudo o que ela oferece, as oportunidades, as pessoas, inclusive os momentos ruins...

E ao fazer uma prece, Peça coragem para desatar os nós dos fios Que vão se acumulando com tantos desafios...”


Há uma outra história que comprova que devemos ter Fé na Vida, apesar de tudo. Bem mais atual, mas igualmente impactante.

Viktor Frankl era judeu, médico psiquiatra e vivia com sua família na Áustria. Dentre seus trabalhos como médico, atendeu o pavilhão das mulheres sobreviventes do suicídio em Viena de 1933 a 1936. Iniciada a perseguição dos judeus pelo nazismo, todos de sua família são presos e enviados para campos de concentração diversos. Prenderam ele, seus pais, um irmão e a mulher grávida do primeiro filho do casal em setembro de 1942. Somente no final da 2ª Guerra Mundial (setembro de 1945) ele é libertado.[5]

Quanta dor e sofrimento presenciou e vivenciou? Como lidar com esses traumas? Como ver sentido na vida?

Já liberto, resolve escrever um livro como medida terapêutica, a fim de tentar ressignificar as dores superlativas pelas quais passou, já que ele foi o único sobrevivente de sua família e viu o horror do dia-a-dia dos campos de extermínio.

Publica em 1946 o livro “Apesar de tudo dizer sim à vida: um psicólogo vivencia o campo de concentração” (tradução livre do título em alemão) e que no Brasil recebeu o nome “Em busca de Sentido” da Editora Vozes[6]. Recomendamos profundamente a leitura desse livro. Leia.

Narra Viktor que a sua chance de sobreviver a um campo de concentração seria 1 em 28. Qual o significado desses números? A cada 28 pessoas que eram presas e conduzidas para um campo de extermínio nazista, 1 apenas sobreviveria. Em outras palavras, 96,43% das pessoas que entraram nessas áreas do terror morreriam. A chance de sair com vida, portanto, era baixíssima!

Não falaremos nada sobre a horrorosa experiência de vida de Viktor enquanto esteve preso. Alguns desses relatos estão no livro. Leia. Nosso foco é sentido da vida.

No livro “Em busca de sentido”, Viktor explica que a vida tem sentido, apesar de tudo, dividindo conosco qual método terapêutico adota quando atende os sobreviventes do suicídio (pessoas que tentaram o suicídio e não morreram por diversas causas), nestes termos:

Costumo explicar a tal pessoa [sobrevivente do suicídio] que os pacientes repetidamente me contam como estão felizes pelo fato de não terem conseguido se matar. Semanas, meses, anos mais tarde, dizem-me eles, descobriram que havia uma solução para seus problemas, uma resposta à sua pergunta, um sentido para suas vidas.

‘Mesmo que a chance de que as coisas melhorem seja apenas uma em mil’, continuo minha explicação, ‘quem pode garantir que no seu caso isso não acontecerá, mais cedo ou mais tarde?

Mas em primeiro lugar você tem que viver para enxergar o dia em que isso pode acontecer, precisa sobreviver para ver nascer aquele dia, e, de agora em diante, a responsabilidade da sobrevivência não o deixará mais’”.

Impactante! Um sobrevivente do holocausto (que tinha apenas 1 chance em 28) lembra ao sobrevivente do suicídio que mesmo que a chance seja apenas 1 em 1.000, ela existe! Em outras palavras, 99,9% das pessoas poderiam não ver que suas vidas tem sentido. Contudo, mesmo nessa visão extremamente pessimista, temos que concordar que a chance de encontrar o sentido da vida era seria matematicamente possível!

Nessa sua linha de raciocínio, mesmo a pessoa mais pessimista do planeta Terra possui chance de descobrir, cedo ou tarde, que há uma solução para os seus problemas – um sentido para suas vidas!

Quem afirma isso é um médico que encontrou sentido para sua vida, apesar de tudo. Apesar de todas as suas dores. Apesar de todas as suas perdas. Apesar de todo o seu luto. Realmente, nem tudo é tristeza e o sentido da vida será encontrado por todos nós, cedo ou tarde. Para tanto, precisamos viver para enxergar o dia em que isso irá acontecer. Sem sombra de dúvidas.

Até lá, nossa fé irá nos levantar após cada uma das nossas quedas.


Não tenha pressa,

A vida não cessa....

Ela se transforma, se renova e não para! Recomece quantas vezes preciso for! E um dia, ao acordar, você inquirirá: Cadê a dor que estava a me atormentar?


Falemos de Doutrina Espírita. Falemos do ensino dos Espíritos. Contemplemos a divina fonte de onde brota a água cristalina que nos dará a certeza de que devemos ter “Fé na vida, apesar de tudo”.

A consolação é a maior de todas as qualidades da Doutrina Espírita. Há outras, mas penso que as demais giram em torno do caráter extremamente consolador do Ensino dos Espíritos.

O Evangelho segundo o Espiritismo (ESE) nos consola do princípio ao fim. Não por acaso, após apresentar os quatro primeiros capítulos (I, II, III e IV) que servem de base para compreendermos os demais, Kardec trata da aflição no capítulo V (Bem-aventurados os aflitos) e imediatamente nos consola no capítulo VI (O Cristo consolador), passando a nos esclarecer como evoluirmos nos demais capítulos da obra.

O ESE é “finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura.”[7], explicando minuciosamente e desdobrando as pequenas partes que compõem o todo que é a necessidade que temos de “Amar o próximo como a si mesmo”. Como fazer isso é a grande questão central do ESE.

Outras obras procuraram lançar luzes e explicar de maneira ainda mais pormenorizada essa dificílima tarefa de “Amar ao próximo como a si mesmo”. Dentre elas, há o livro O problema do ser, do destino e da dor de Léon Denis.

No capítulo XXV (O amor) da referida obra, o Mestre Léon Denis resume de maneira majestosa o querer, o saber e o amar. Leia e deixe sua alma ser conduzida à certeza da necessidade de amarmos, apesar de tudo:

Todo o poder da alma resume-se em três palavras: querer, saber, amar! Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la. Saber, por que sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram governar. Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque, sem o amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos. Não se trata aqui do amor que contempla sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo mundo. A vida terrestre é um conflito entre as forças do mal e as do bem. O dever de toda alma viril é tomar parte no combate, trazer-lhe todos os seus impulsos, todos os seus meios de ação, lutar pelos outros, por todos aqueles que se agitam ainda na via escura.

(...)

“Ó homem, procura em volta de ti as chagas a pensar, os males a curar, as aflições a consolar. Alarga as inteligências, guia os corações transviados, associa as forças e as almas, trabalha para ser edificada a alta cidade de paz e de harmonia que será a cidade de amor, a cidade de Deus! Ilumina, levanta, purifica! Que importa que se riam de ti! Que importa que a ingratidão e a maldade se levantem na tua frente! Aquele que ama não recua por tão pouca coisa; ainda que colha espinhos e silvas, continua sua obra, porque esse é seu dever, sabe que a abnegação o engrandece. O próprio sacrifício também tem suas alegrias; feito com amor, transforma as lágrimas em sorrisos, faz nascer em nós alegrias desconhecidas do egoísta e do mau. Para aquele que sabe amar, as coisas mais vulgares são de interesse; tudo parece iluminar-se; mil sensações novas despertam nele. São necessários à sabedoria e à Ciência longos esforços, lenta e penosa ascensão para conduzir-nos às altas regiões do pensamento. O amor e o sacrifício lá chegam de um só pulo, com um único bater de asas. Na sua impulsão conquistam a paciência, a coragem, a benevolência, todas as virtudes fortes e suaves. O amor depura a inteligência, põe à larga o coração e é pela soma de amor acumulada em nós que podemos avaliar o caminho que temos andado para Deus.

(...)

“Quem, pois, num dia de verão, quando o Sol irradia, quando a imensa cúpula azulada se desenrola sobre nossas cabeças e dos prados e bosques, dos montes e do mar sobem a adoração, a prece muda dos seres e das coisas, quem, pois, deixará de sentir as radiações de amor que enchem o Infinito? É preciso nunca ter aberto a alma a estas influências sutis para ignorá-las ou negá-las”.[8]

Tais ensinamentos valem apenas para os Espíritas? Vale apenas para os cristãos? Vale apenas para aqueles que acreditam em Deus? Penso que vale para todos: gnósticos, ateus, cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, pois como nos ensina André Trigueiro:

Não importa a corrente filosófica, humanista ou espiritualista à qual estejamos vinculados, ou se buscamos por conta própria os parâmetros éticos que norteiam a nossa existência. A luta em favor da vida é a causa comum, o que empresta sentido ao conceito de civilização. Estamos juntos na mesma espaçonave. Se a viagem para alguns parece longa e desagradável, e há como reduzir ou eliminar esse desconforto, por que não fazê-lo? Quem está sentado ao lado não é apenas passageiro. É parte de algo maior que te inclui. Há quem chame isso de humanidade”[9]

A vida tem sentido! Tenhamos fé na vida sempre, apesar de tudo.

Estejamos vivos para ver o nascer o dia em que veremos que nossa vida tem sentido. Até lá, amemos; apesar de tudo.

Ânimo! Benevolência!

Ânimo! Coragem!

Ânimo! Paciência!

Ânimo! Resignação!

Por fim, mas não menos importante, registramos nossa gratidão à poetisa Débora de Marco[10], trabalhadora voluntária do CEC Dias da Cruz e que generosamente permitiu a reprodução de seu poema “Qual o sentido da vida?” e que foi reproduzido ao longo deste artigo.

Desejamos saúde e paz para você e sua família.


José Luis Terra




REFERÊNCIAS:

[1] Leia mais em https://www.jewishvirtuallibrary.org/abraham (em inglês). [2] Esclarecemos que utilizamos a tradução da Bíblia “Nova Almeida Atualizada” da Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) do kindle para todas as citações do Velho Testamento no presente artigo. [3] Carlos Campetti nos esclarece que se trata da encarnação do Espírito Ismael, um dos trabalhadores do Cristo para a implantação do bem no coração dos homens e que conduz a FEB. Saiba mais em https://youtu.be/gdXnSLIrrLs [4] Esta gravura de Gustave Doré faz parte da Bíblia de Tours. Fonte da imagem: https://en.m.wikipedia.org/wiki/Gustave_Dor%C3%A9%27s_illustrations_for_La_Grande_Bible_de_Tours#/media/File%3AExpulsion_of_Ishmael_and_His_Mother.png [5] Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Viktor_Frankl [6] Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Em_Busca_de_Sentido [7] Ribeiro, Guillon. O Evangelho segundo o Espiritismo (Introdução, Item I – Objetivo desta obra). FEB - Federação Espírita Brasileira. Edição do Kindle. [8] Denis, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. FEB. Edição do Kindle. [9] Trigueiro, André. Viver é a melhor opção. André Trigueiro / Editora Correio Fraterno. Edição do Kindle. [10] Veja a íntegra de seus textos em https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=188737

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