A importância da leitura para a evolução do Espírito
- fergs

- 15 de out.
- 5 min de leitura

Helena Bertoldo da Silva
Colaboradora da Área do Livro da Fergs
A leitura é como uma tocha acesa que ilumina a escuridão daquilo que ainda ignoramos. No Brasil, como forma de reforçar a importância da leitura e seu incentivo, foi sancionada a Lei nº 11.899/2009 [1], pelo Presidente da República e decretada pelo Congresso Nacional, que institui o dia 12 de outubro como o Dia Nacional da Leitura. O objetivo é promover o hábito da leitura e inspirar escolas, bibliotecas e editoras a realizarem ações e projetos comemorativos. Além disso, a lei também institui a Semana Nacional da Leitura e da Literatura, que corresponde à semana em que recai o Dia Nacional da Leitura.
A leitura abre as portas para a luz do conhecimento. A alma imortal, em sua jornada de aperfeiçoamento, renasce em novas existências com oportunidades contínuas de progresso. Na vida corpórea, o ser humano recebe implementos cerebrais completamente novos. O esquecimento do passado é uma bênção divina: caso o Espírito reencarnante conservasse viva a memória de vidas anteriores, os acertos e, principalmente, os delitos cometidos poderiam perturbar os novos compromissos assumidos nesta encarnação.
Emmanuel, na obra Religião dos Espíritos, no texto Esquecimento e Reencarnação, esclarece:
Temos assim, mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose terapêutica, a estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização do Espírito, as quais, acrescidas às consequências dos fenômenos naturais de restringimentos do corpo espiritual no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações, para que se alivie a mente na direção de novas conquistas. E todo esse tempo é ocupado em prover-se a criança de novos conceitos e pensamentos acerca de si própria, é compreensível que toda a criatura sobrenade na adolescência, como alguém que fosse longamente hipnotizado para fins edificantes, acordando, gradativamente, na situação transformada em que a vida lhe propõe a continuidade do serviço devido à regeneração ou à evolução clara e simples. [2]
Para novas conquistas, a criatura precisa da leitura — das letras e do mundo. O ato de ler se descortina como o caminho para esse recomeço. Desde o nascimento até a desencarnação, o ser humano lê diariamente.
A mãe que embala o filho aprendeu a ler as reações da criança, para melhor atender às suas necessidades. A criança, por sua vez, lê o mundo ao seu redor por meio das descobertas: dos ambientes, da identificação da mãe, do próprio corpo, dos rostos familiares, das cores, dos brinquedos, da natureza, entre tantos outros estímulos.
Paulo Freire [3] faz referência a dois tipos de leituras: a do mundo e a das letras, explicando que o indivíduo aprende a primeira, antes da segunda. A leitura vai além dos livros, ela está nos gestos, nas palavras, nos sons, nas reações e nas interações humanas.
A mentora Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Franco, enseja importantes reflexões sobre a leitura, no belíssimo texto:
Estuda sempre. Incorpora às tuas atividades o hábito da boa leitura. Uma página por dia, um trecho nos intervalos do serviço, uma frase para meditação, tornam-se o cimento forte da tua construção para o futuro.
O conhecimento é um bem que, por mais seja armazenado, jamais toma qualquer espaço. Pelo contrário, faculta mais ampla facilidade para novas aquisições.
As boas leituras enriquecem a mente, acalmam o coração, estimulam ao progresso.
O homem que ignora, caminha às escuras.
Lê um pouco de cada vez, porém, fá-lo constantemente. [4]
Nossa rotina diária é composta por inúmeros hábitos — alguns benéficos à saúde espiritual, outros nem tanto. O ato de ler oferece informações valiosas que podem nos auxiliar na construção de uma rotina mais saudável e consciente.
É comum ouvirmos a frase: “Gosto de ler, mas não tenho tempo.” No entanto, como nos lembra Joanna de Ângelis, em texto já citado, boas leituras enriquecem a mente e acalmam o coração.
Precisamos reconhecer que a leitura é vital para ampliar o nosso conhecimento e estimular a nossa iluminação interior. Acrescentemos, portanto, o hábito da leitura ao nosso dia.
Reformulemos a maneira como distribuímos nosso tempo, reservando um espaço — por menor que seja — para ler. Podemos começar com apenas alguns minutos diários: uma pequena página, uma frase inspiradora, uma questão de O Livro dos Espíritos, entre tantas possibilidades.
Quando praticamos a leitura, também incentivamos nossos filhos e familiares a fazer o mesmo. No caso dos filhos, além de oferecermos educação, alimentação e a segurança de um lar, podemos também proporcionar alimento espiritual.
Muitos dos leitores de hoje tiveram, no passado, o exemplo dos pais e foram incentivados por seus professores. Por isso, destaca-se a importância do contato com os livros desde a infância. Ao manusear um livro, a criança tem sua curiosidade despertada pelo toque, pelas cores e pelas imagens.
Ter em casa uma pequena biblioteca, recheada de bons livros, transforma o ambiente em um verdadeiro refúgio acolhedor — um espaço onde a leitura pode florescer e se tornar parte do dia a dia da família.
Relembramos aqui o conselho de Emmanuel:
Qual a melhor escola de preparação das almas reencarnadas, na Terra?
— A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem.
Na sua grandiosa tarefa de cristianização, essa é a profunda finalidade do Espiritismo evangélico, no sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim de que o lar se refaça e novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os homens, em lares cristãos, para a nova era da Humanidade. [5]
A família é a primeira escola da alma, o primeiro dia de vida do Espírito reencarnante é a primeira aula na nova vida, sendo os pais os primeiros educadores, eles têm a responsabilidade de exercer influência positiva sobre a prole. Sendo a paternidade uma missão, um dever de cada pai e cada mãe, em reaproximar de Deus os filhos que Ele colocou sob a responsabilidade dos pais. A formação de um bom leitor começa em casa. É muito importante a seleção do que se lê. O bom livro será aquele que alimenta a alma, fornecendo subsídios para o crescimento espiritual.
Destacamos a importância de que os postos de livros e as salas de leitura dos Centros Espíritas estejam sempre abastecidos com obras edificantes, fiéis à Doutrina Espírita, à luz de Jesus e de Kardec, capazes de nutrir a alma e promover o crescimento espiritual de trabalhadores e frequentadores da instituição.
Concluímos com o conselho do filósofo e estudioso espírita Léon Denis:
Saibamos escolher bons livros e habituemo-nos a viver no meio deles, em relação constante com os Espíritos elevados. Rejeitemos com objetivismo as obras pérfidas, escritas para lisonjear as paixões vis. Acautelemo-nos dessa literatura relaxada, fruto do sensualismo, que deixa em sua passagem a corrupção e a imoralidade. [6]
Referências:
[1] BRASIL. Lei nº 11.899, de 8 de janeiro de 2009. Institui o Dia Nacional da Leitura e a Semana Nacional da Leitura e da Literatura. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11899.htm>. Acesso em: 23.09.2025.
[2] XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Religião dos Espíritos. 10.ed. Brasília: FEB, 1995.
[3] FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1989.
[4] FRANCO. Divaldo Pereira. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Vida Feliz. Salvador: Leal, 1992.
[5] XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. O Consolador. 13.ed. Brasília: FEB, 1995.
[6] DENIS, Léon. Depois da morte. Brasília: FEB, 2008.












































