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Fé inabalável - mãe da esperança e da caridade


As grandes dores da transição planetária abalam moralmente a humanidade terrestre. Contorcem-se os Espíritos imortais diante das grandes dificuldades que se impõem. Como se manter hígido? Como se manter firme? Como manter a fé na vida? Precisamos buscar esclarecimento junto ao Cristo, recordar a vivência da fé pelos Apóstolos e o consolo da Doutrina Espírita.

Narra-nos Mateus o seguinte:

“Depois de se dirigirem à turba, aproximou-se dele um homem, ajoelhou-se e disse: Senhor, tem misericórdia do meu filho, porque é lunático e padece horrivelmente; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água. Levei-o aos teus discípulos, mas não foram capazes de curá-lo.” (Mateus 17:14-16).

Haroldo Dutra Dias faz a seguinte anotação de rodapé quanto ao termo “lunático”:

“Era uma espécie de loucura, com intervalos de lucidez. Noutros casos, se referia à epilepsia. Acreditava-se que os ciclos dessa doença estivessem relacionados com as fases da lua ou com seus raios. No Novo Testamento há uma distinção entre os lunáticos e os endaimoniados, embora também se atribua, em alguns casos, aos espíritos impuros, daimones, a causa dessa doença”.[1]

A narração continuará. Contudo, faz-se necessário interrompê-la para melhor compreendermos a gravidade da situação apresentada, qual seja a impossibilidade de os Apóstolos curarem o filho daquele homem. Para tanto, debrucemo-nos detidamente sobre todos os fatos narrados nos capítulos 8 a 16 do evangelho de Mateus.

Após os ensinamentos profundos das Bem-Aventuranças nos capítulos 5, 6 e 7 do evangelho de Mateus, o evangelista passa a narrar diversos fatos relevantes e relacionados com a Fé.

No capítulo 8 de Mateus há o registro da cura do servo do Centurião. Impõe-se, portanto, esclarecer quem era um Centurião. Segundo o ponto de vista religioso, era um gentio (pois acreditava em muitos deuses e não em YAVEH). Através do prisma político era um cidadão romano que integrava o exército de César. Era responsável por comandar uma centúria (cem homens!), dando ordens que deveriam ser prontamente obedecidas pelos homens que liderava, inclusive na rápida execução de qualquer formação militar e, ainda, encarregava-se da disciplina e instrução dos soldados, exercendo as funções do atual capitão do Exército.[2]

Ouçamos a narração de Levi:

“Estando em Cafarnaum, aproximou-se dele um centurião, suplicando-lhe dizendo: Senhor, o meu servo está deitado em casa, paralítico, terrivelmente afligido por dores. Diz-lhe {Jesus}: Eu, indo, o curarei” (Mateus 8:5-7)

Qual o motivo dessa resposta de Jesus? Trata-se de um teste ao centurião. Vejamos a resposta do soldado romano:

“Senhor, não sou digno de que entres sob meu teto, mas somente te expresses por palavra, e o meu servo será curado. Pois também eu sou um homem sob autoridade, tendo abaixo de mim soldados; e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto e ele o faz” (Mateus 8:8-9 - grifei)

Jesus fica maravilhado (palavras de Mateus!) com a resposta do soldado. Analisemos com atenção o ensinamento dado pelo Mestre aos seus Apóstolos:

“Amém vos digo, com ninguém em Israel encontrei tamanha fé. (...) VAI! Como creste seja feito a ti; e o seu servo foi curado naquela hora” (Mateus 8:10-13)

Quando o Centurião afirma que também era um homem sob autoridade, tendo abaixo dele soldados, acaba por reconhecer no Cristo o mesmo exercício da parcela de poder conferido por algo ou alguém superior a Ele.

Ora, o Centurião estava abaixo da autoridade de César e exercia o poder conferido por César em face dos soldados que estavam abaixo dele. No momento em que reconhece a mesma situação com Jesus, o Centurião deixa claro que compreendeu que Jesus estava abaixo da autoridade de Deus e exercia o poder conferido por Deus em face dos homens que estavam abaixo dele moralmente.

Assim é com Jesus; assim é com os Apóstolos; assim é com cada um de nós.

Chama atenção, ainda, o imperativo categórico utilizado por Jesus em face do Centurião: “Vai!”. É uma ordem direta! Exercendo a autoridade moral que possuía, o Cristo (Israelita da tribo de Davi) claramente dá uma ordem ao Centurião (romano gentio), tornando indubitável que tanto judeus como gentios podem possuir fé em abundância, inclusive superior a todos aqueles que Jesus encontrou em Israel e que diziam acreditar no Deus único. Além disso, resta cristalino que aquele importante soldado romano está sob as ordens do Cristo.

O capítulo 8 do Evangelho de Mateus narra diversas curas de Jesus (inclusive da sogra de Pedro), registra os desafios dos Apóstolos e novamente aponta a fragilidade dos apóstolos após o Cristo acalmar a tempestade e exclamar “Por que estais temerosos, homens de pouca fé?” (Mateus 8:26). Registro que esse qualificativo dado aos Apóstolos (“homens de pouca fé”) será repetido diversas vezes nos capítulos que seguem. Prossigamos.

Já no capítulo 9 de Mateus ocorre a cura de um paralítico, tendo sido registrado que “(...) Jesus, vendo a fé deles {daqueles que traziam o doente}, disse ao paralítico: ANIMA-TE, filho, os teus pecados estão perdoados” (Mateus 9:2). Haroldo Dutra Dias anota a seguinte explicação para o termo “anima-te”:

“Ânimo! Coragem”. Verbo utilizado apenas no imperativo, com sentido de ter coragem, bom ânimo, confiança, esperança.”[3]

Igual consolo recebe a mulher hemorroíssa. Jesus havia sido chamado para impor suas mãos sobre a filha morta de Jairo, pois este possuía fé em seu poder para fazê-la ressuscitar. Enquanto se deslocava para a casa onde estava sendo velada a menina, uma mulher que sangrava há 12 anos toca a veste do Senhor Jesus com a certeza de que se apenas tocasse a roupa dEle seria curada. Jesus, constatando que alguém na multidão o havia tocado e que havia se operado uma cura, vira-se e afirma para aquela mulher sofredora: “ANIMA-TE, filha, tua fé te salvou” (Mateus 9:22).

Verifica-se novo exercício de fé quando o Mestre Nazareno cura dois cegos que o seguiam: “Credes que posso fazer isso? Dizem-lhe: Sim, Senhor. Tocou então, os olhos deles, dizendo: Conforme a vossa fé, seja feito a vós. E os olhos deles abriram” (Mateus 9:28-30).

No capítulo 10 de Mateus ocorre o importante momento em que Jesus confere poderes aos Apóstolos. Da mesma maneira que um General pode conferir poderes a um Centurião, Jesus exercita tal poder em relação aos Apóstolos, da seguinte forma:

“Convocando seus doze discípulos, deu-lhes autoridade {sobre} espíritos impuros a fim de expulsá-los e curar toda doença e toda enfermidade. (...) Curai enfermos, erguei mortos, purificai leprosos, expulsai daimones; de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:1-8)

Haroldo Dutra Dias anota igualmente a seguinte explicação para o termo daimones: “Trata-se dos obsessores, espíritos sem esclarecimento, magoados ou malévolos, chamados no NT de ‘espíritos impuros’, ‘daimon’, razão pela qual julgamos inconveniente a tradução dessas expressões pelo vocábulo ‘demônio’.”[4]

A passagem referida nada mais é do que Jesus conferindo aos Apóstolos a mediunidade cristã ostensiva, inclusive com a recomendação expressa de que jamais cobrassem pelo exercício dos poderes outorgados, em especial o de curar doentes de toda enfermidade, pois Jesus não excepcionou qualquer doença. Aliás, essa passagem específica é o motivo pelo qual causa espanto a incapacidade dos Apóstolos curarem o rapaz epilético do capítulo 17 de Mateus e narrado no início deste texto.

(continua)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

[1] DIAS, Haroldo Dutra, O Novo Testamento, tradução de, FEB (ebook).

[2] Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Centuri%C3%A3o, acessado: FEV. 2019.

[3] DIAS, Haroldo Dutra, ob. citada.

[4] DIAS, Haroldo Dutra, ob. citada.

IMAGEM:

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/25/Healing_of_the_Blind_Man_by_Jesus_Christ.jpg

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