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Interações emancipadoras



Sonia Hoffmann


O imenso contributo ocasionado por qualquer interação saudável está em provocar a emancipação de alguém por sua conquista da autonomia e independência no exercício dos mais variados aspectos do desenvolvimento humano. Estas aquisições, no entanto, implicam reciclagem de sentimentos, transformações atitudinais e aprendizagem alquímica dos conteúdos presentes nos desafios em mudanças para possibilidades libertadoras.

Esta dinâmica inclusiva do estabelecimento de relações sadias e desintoxicadas demonstra a coerência entre a assimilação dos ensinamentos cristãos e aqueles contidos na proposição espírita, sendo aplicada na gestão e direcionamento evolutivo do projeto de vida da pessoa para a atual reencarnação e adiante, dentro dos propósitos do Espírito imortal.

O fundamento é o respeito aos valores, anseios e diferenças presentes em cada ser, sem ultrapassar os limites rumo à prática da superproteção e sufocá-los, como indicam Jaume Soler e Maria Conangla, com reclamações incessantes ou demandas desconexas e excessivas.

A medida a ser adotada é simplesmente entender e aceitar que não podemos e não devemos fazer tudo em lugar do outro, mas permitir, viabilizar e até criar oportunidades para ele autoconhecer-se e fazer por si o que pode e deve. Necessário é conscientizar-se de estarmos todos em evolução. Algumas vezes, contudo, como Joanna de Ângelis informa, porque a grande maioria ainda possui o hábito da intromissão ou da estipulação exacerbada de regras, invariavelmente a pessoa cresce codependente, sem (ou com pouca) liberdade de satisfação e de ação. Consequentemente, ela termina por se culpar quando se permite o prazer pessoal por vezes fora das imposições programadas ou dos padrões estabelecidos. Suas iniciativas, então, não se realizam com efetividade e, para poupar-se a problemas ou dissabores, perde a capacidade (e até a vontade) de dizer não, a espontaneidade de ser coerente com o que deseja, sente ou pensa. O ser, habituado a evitar ou eximir-se de responsabilidades e deveres, permanece em uma falsa comodidade, marcada pela conduta infantilizada ou leviana.

Com a abertura para novos entendimentos e surgimentos, reduzindo-se possíveis condutas rígidas, situações de constrangimento, dependências, invasão de privacidade e desamor são evitadas. Algumas frustrações certamente irão surgir, assim como a percepção de ter tomado decisões nem sempre as mais sensatas e corretas. Neste sentido, Joanna de Ângelis afirma que todos os empreendimentos experimentam períodos de progresso e de queda em face das mais diversas razões por tratar-se de algo de alta magnitude e circunstâncias; A indiferença é um recurso de fuga psicológica de quem se sente incapaz de competir ou de aceitar o insucesso e, se considerando sem condições de compensar a perda, tende a diminuir a intensidade do sentimento e busca neutralizar com algumas fugas psicológicas.

Ou seja, saber administrar perdas é fundamental, tornando-se algo tão enriquecedor e valoroso quanto gerir sucessos. Além do mais, o ganho desta pessoa no seu amadurecimento intelecto-afetivo e moral vale o esforço de alguém saber sair de cena, mantendo distância prudente. Para tal, é preciso distinguir com clareza o significado entre distanciamento e abandono! O conhecimento da concepção de AUTONOMIA e independência consiste também em importante contribuição quando se deseja manter um convívio emancipador.

Autonomia tem relação direta com a aptidão mental da pessoa, sendo a capacidade de gerenciar-se, tomar decisões e planejar seus objetivos. INDEPENDÊNCIA, por sua vez, relaciona-se com sua habilidade física, representando a capacidade de desempenhar suas atividades diárias sem precisar constantemente da ajuda de terceiros. Na autonomia, a pessoa é capaz de escolher, decidir, querer, desejar e expressar de algum modo a sua vontade. Na independência, ela é capaz de agir, executando tarefa ou atividades do dia a dia. Autonomia caracteriza uma interação madura e flexível; a independência simboliza uma educação bem orientada a fim da pessoa realizar-se e sentir-se viva.

Assim, toda e qualquer relação com alguém, tenha ou não uma deficiência ou acentuada diferença, que proporcione o desenvolvimento emancipador da autonomia e da independência é primordial para a ordenação de uma sociedade mais fraterna, justa e solidária. A própria pessoa, ao exercer e aprimorar suas habilidades na ampliação do livre-arbítrio revigora sua dignidade, reduz sua vulnerabilidade e fortalece sua autoestima, interagindo com melhor plenitude e pacificação.


Referências:

ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Conflitos existenciais.Psicografado por Divaldo P. Franco. 6. ed. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 2014.

SOLER, Jaume; CONANGLA, Maria Mercé. Ecologia emocional.Rio de Janeiro: Best Seller, 2011.

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