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Cadeira de Rodas não aprisiona, liberta!

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  • há 3 dias
  • 4 min de leitura

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Sonia Hoffmann

 

Muitas são as causas que, em qualquer idade, condição econômica ou sexo, levam uma pessoa a ser usuária da cadeira de rodas para deslocamentos e realização das diversas atividades da sua vida diária. Os motivos vinculados devem ser tratados por profissionais especializados, no entanto, atitudes inclusivas precisam ser adotadas por quem convive e interage com essas pessoas.

 

Independentemente das causas físicas e espirituais que justifiquem a presença do comprometimento motor, o dever de todos os participantes do movimento espírita é ter uma atitude fraterna, ética, responsável e estimuladora, interagindo com a pessoa de modo acolhedor, justo, libertador e sem invadir sua privacidade.

 

Necessário não somente acolher, mas disponibilizar condições e metodologias que incentivem sua permanência e participação efetiva na instituição espírita, evitando, constrangimentos, promovendo sua manifestação, valorizando suas conquistas e construindo, em conjunto, a dinâmica desta participação. Para o alcance de uma boa relação e a pessoa usuária deste recurso sentir-se à vontade, é importante ela perceber que desde antes já foi esperada, que houve um preparo antecipado para recebê-la tanto no aspecto atitudinal quanto arquitetônico e ambiental. Significativo ela não se ver como um desafio e sim como alguém em evolução - desafio não deve ser ela, mas desafiante é romper barreiras, preconceitos e condutas protetoras ou indiferentes naquele que não consegue lidar com a diferença nem sua e nem com a do próximo.

 

A pessoa pode vir com a informação, recebida em outro local ou concluída a partir da leitura de alguma obra, de estar em expiação. A menos que tal dado tenha sido revelado por um Espírito idôneo, mais ninguém pode afirmar com certeza. Portanto, de qualquer maneira, o mais adequado e caridoso é conversar no sentido dela aceitar que se encontra em uma oportunidade de novas aprendizagens e amadurecimentos para seu melhoramento moral e intelectual na trajetória evolutiva. Do mesmo modo, dizer a ela que “não deve jamais esquecer o seu pedido, no planejamento reencarnatório para estar nesta situação” nem sempre age como consolo, pois trabalhadores e dirigentes sabem (ou deveriam saber) que a Codificação nos assinala a possibilidade de reencarnações compulsórias. Talvez, convidar esta pessoa para aproveitar sua condição em seu favor e aprender novas habilidades, ampliando suas aptidões, cause nela melhor ressonância.

 

Diálogos francos e respeitosos são sempre confortantes e esclarecedores para ambos os interlocutores. Flexibilizações coerentes impactam sadiamente e promovem na pessoa a certeza dela ser compreendida e aceita com suas dificuldades, necessidades, potenciais e vulnerabilidades.

 

Quando for iniciada uma conversação, para além da breve saudação, é fundamental que a pessoa fique alinhada na mesma altura de quem está na cadeira de rodas. Este comportamento não somente traz benefícios emocionais, pois a relação superioridade e inferioridade se desfaz, não sendo mais preciso que a pessoa sinta-se olhada de cima para baixo. Muitas vezes, também, o motivo da deficiência motora causou impactos nas vértebras e musculatura da região cervical. A constante necessidade de manter a cabeça elevada pode causar fadiga muscular e até mesmo dores.

 

Portas de acesso à instituição e para as demais salas precisam estar com dimensões que possibilitem a passagem da cadeira de rodas com facilidade. Rampas nas orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas devem substituir os degraus ou serem colocadas como rotas alternativas. Salas e banheiros precisam ter espaço livre para fácil movimentação da cadeira. Barras precisam ser colocadas, especialmente no banheiro, para auxiliar na transferência da pessoa.

 

Movimente a cadeira somente após ter perguntado ao usuário se aceita e se precisa de ajuda. Procure informar-se sobre as manobras corretas e como a pessoa sente-se mais confortável e segura.

 

O mobiliário (como mesa, balcão, entre outros) deve ter uma altura que possibilite o conforto de acesso pela pessoa e espaço suficiente para o encaixe da cadeira de rodas. Maçanetas, registros de torneiras e interruptores devem estar em altura e posição adequadas para permitir ao usuário da cadeira de rodas manipulação com autonomia.

 

Intervenções cooperativas trazem para todos os contributos fundamentais à formação e ao estreitamento de vínculos, ampliando a configuração da família universal. Ensinamentos e aprendizagens se intercalam, surgindo possibilidades de novos propósitos se organizarem e acontecer a união de energias para efetivarem determinadas ações que, solitariamente, não haveria êxito parcial ou totalmente.

 

Gestos e atitudes solidárias autenticam avanços espirituais e confirmam para a pessoa com deficiência motora o quanto é compreendido em seu esforço de enfrentamento de novas experiências em sua trajetória. Cabe a cada um refletir e conscientizar-se da sua responsabilidade social. O Espiritismo oferece os instrumentos das orientações, a interpretação e a aplicação é a tarefa que nos cabe. Não esperemos chegar ao mundo de regeneração para nos tornarmos inclusivos, pois somente chegaremos ao Mundo de Regeneração por ações inclusivas.

 

Cadeira de rodas não aprisiona o seu usuário, o liberta. Importante compreender que a partir do seu uso, ele toma as rédeas da sua trajetória, se desenvolve pelo convívio, busca seus próprios caminhos. O que realmente aprisiona é o preconceito e a indiferença vinda das demais pessoas. Mas, na verdade, quem está se aprisionando é quem fica ancorado na ignorância e gera barreiras visíveis ou invisíveis.

 

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