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Somos parte da natureza ou estamos à parte? Uma reflexão sobre nossa responsabilidade compartilhada com o Planeta em que vivemos

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  • há 12 horas
  • 4 min de leitura
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Thays do Nascimento*



Quando ouvimos falar em ecologia ou sustentabilidade, nosso pensamento costuma se voltar aos resíduos, às estatísticas preocupantes sobre o aquecimento global e às mudanças climáticas. Em meio a tantas informações – por vezes contraditórias – vemos parte da humanidade agir com indiferença, como se fossemos à parte do todo. 

Nós espiritas, em face do conteúdo que a Doutrina nos proporciona, possuímos uma visão que vai além dos dados científicos, com isso, temos uma maior responsabilidade diante de todo o impacto ambiental que causamos no nosso lar provisório, pois ele foi criado por Deus e será lar de tantos Espíritos irmãos e o nosso em possíveis futuras reencarnações.

Dessa forma, precisamos ser exemplos ativos da sociedade, por isso, é fundamental termos essa visão holística e buscarmos em nossas atitudes e comportamentos preservar esse planeta, nossa mãe Terra e mantermos esta encarnação visando evoluir moral e ecologicamente. Assim, convidamos você a refletir sobre a importância da Espiritualidade aliada à Ecologia.


Como nos reconhecer como parte integrante da natureza?

Para entender nossa conexão com a natureza, é indispensável compreender também a composição do ser humano segundo a Doutrina Espírita. Somos formados por três elementos essenciais: a alma ou Espírito, que abriga nosso pensamento, vontade e senso moral; o corpo, que nos conecta ao mundo físico; e o perispírito, uma espécie de invólucro fluídico que faz a ligação entre o Espírito e o corpo. Essa tríade revela a complexidade do nosso ser e nos mostra como estamos profundamente ligados à natureza, não apenas em nossa existência material, mas também em nossa essência espiritual.

Todos os corpos da Natureza, minerais, vegetais, animais, animados ou inanimados, sólidos, líquidos ou gasosos, são formados dos mesmos elementos, combinados de maneira a produzir a infinita variedade dos diferentes corpos.1


Logo, não somos seres separados ou melhores, mas sim parte viva da grande obra divina. Não apenas compartilhamos a mesma essência que dá vida a animais, plantas e a nós mesmos, mas também a do universo, e juntos constituímos a criação. Dotados de inteligência e razão crítica, possuímos valores que nos distinguem e nos tornam responsáveis por cuidar dessa criação divina. 

Apesar de sermos dotados de razão, consciência e livre-arbítrio, muitas vezes nos deixamos envolver pelas ilusões da vida material, esquecendo que nossa existência tem consequências e propósitos maiores. Ao priorizarmos o egoísmo e o apego ao imediato, negligenciamos nosso compromisso espiritual e coletivo com a evolução do planeta e de nós mesmos. No entanto, ao reconhecermos que somos Espíritos em constante progresso e cocriadores do bem, compreendemos que nosso dever é cultivar o amor, a responsabilidade e a esperança. Cabe a cada um de nós fortalecer esse caminho de regeneração, fazendo da nossa presença uma força viva para a transformação do mundo.

Conforme ensina a Doutrina Espírita, “o bem é tudo aquilo que está em conformidade com a Lei de Deus” 2; o mal, por sua vez, é tudo o que é contrário. Agir com bondade é caminhar em sintonia com essa lei; agir com indiferença ou destruição é afastar-se do propósito divino. Seremos “cobrados” em relação a todo o bem que deixamos de fazer, onde o cuidado com nossa casa planetária também será colocado na nossa “conta”, todas as nossas relações e interações são relevantes. O cuidado conosco, com os nossos pensamentos, com nosso irmão e sim, com a natureza completam um ciclo que nos ajudará na evolução moral que buscamos e que viemos vivenciar nesta encarnação.

Diante dessa compreensão, como podemos conceber a degradação ambiental ou o uso desequilibrado dos recursos naturais? Se a natureza é obra de Deus, preservar o meio ambiente é um ato de fé, respeito e amor ao Criador. Cuidar da Terra é cuidar da alma coletiva da humanidade. É hora de despertar a consciência e agir com responsabilidade, amor e esperança.

Para qual finalidade estamos aqui?

VI. — Três fins principais da obra de Deus, como Criador de todas as coisas: diminuir o mal, reforçar o bem e esclarecer toda diferença, de modo que se possa saber o que deve ser ou, ao contrário, o que não deve ser. 3


Jesus, nosso modelo e guia, viveu em simplicidade e em comunhão com a natureza.

Deus nos deu tudo o que precisamos para vivermos de maneira digna e feliz. Se vivenciarmos uma vida equilibrada, a natureza dará tudo o que precisamos. Que possamos refletir a luz do Evangelho à luz das palavras do nosso Mestre: “o semeador saiu a semear”. Essa mensagem nos lembra que a semente da esperança, do amor e da ação já habita em cada um de nós, aguardando apenas o cultivo consciente. Se desejamos alcançar a plenitude do Espírito e contribuir verdadeiramente para a regeneração do mundo, é essencial nutrir uma esperança ativa e viver o amor em Cristo, seguindo seu exemplo de simplicidade, justiça e entrega.

Que nossos passos estejam alinhados com a preservação da vida em todas as suas formas, reconhecendo a presença divina em cada detalhe da criação — na flor que desabrocha, no alimento que nasce da terra, na brisa suave que nos conforta. Embora o planeta seja nosso lar temporário, sua beleza reflete a grandeza do infinito e nos convida à gratidão. Que cada gesto consciente seja uma semente do Reino de Deus entre nós, cultivando o amor, o cuidado e a reverência pela vida.


Bibliografia:

  1. KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. Introdução ao estudo dos fluidos espirituais: Ano nono – 1866. Tradução de Evandro Noleto Bezerra; Brasília: FEB.

  2. _____________. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 93. ed. Brasília: FEB, 2019.

  3. _____________. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. Deus e o universo: Ano 1, n. 4, abr. 1858. Tradução de Evandro Noleto Bezerra; Brasília: FEB.


*Thays do Nascimento é trabalhadora do Centro Espírita Manoel Quintana, na cidade de Alegrete/RS; Vice-diretora da Área de Comunicação Social Espírita e diretora do Saber Ambiental na UME-Alegrete.


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