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Os jovens suicidas – Parte 1

  • Foto do escritor: FERGS
    FERGS
  • 1 de dez. de 2022
  • 4 min de leitura


Entre as causas mais comuns de superexcitação cerebral, devemos contar as decepções, os infortúnios, as afeições contrariadas, que são, ao mesmo tempo, as causas mais frequentes de suicídio.[1]


Aos leitores que acompanham a nossa coluna “Os Espíritos Contaram”:

Os atendimentos espirituais que são feitos com a modesta contribuição da nossa faculdade mediúnica e que trouxeram e trazem lições para a nossa evolução duram por vezes anos, sendo que muitos nos acompanham ao longo dessa encarnação. Alguns deles, os nossos benfeitores amigos, em especial o amado Carlos Barbosa, autoriza-nos a compartilhar através de narrativas, nas quais ele reaviva as minhas lembranças e traz outras informações sobre alguns desses fatos, como aprendizado abençoado para os caminhos que você, leitor, pode estar percorrendo ou vir a trilhar no futuro.

Um destes é a história de Frederika, Valtinho e Nina, que vou descrever à medida que o amigo espiritual for inspirando a descrição.

Era uma tarde fria do inverno gaúcho. Naquela época a Federação Espírita do Rio Grande do Sul ainda tinha sua sede na Rua André da Rocha, 49, no Centro Histórico de Porto Alegre. Trabalhando na salinha da Presidência, como era a sua rotina diária, a médium Isabel experimentou uma melancolia intensa, que lhe apertava o coração e começou a cantarolar baixinho, a bela melodia de João Cabete - Gratidão a Deus. Quando a sombra da tristeza, cobrir teus sonhos de ventura...” De imediato ouvi uma voz juvenil a dizer:

- Cante, cante por favor! Não pare de cantar.

Continuou:

Quando, a sombra da tristeza

Cobrir, seu sonho de ventura,

Quando, você quiser chorar!

Diante, da taça da amargura!


Quando, a dor bater à porta,

Ferindo, bem fundo o coração,

Quando, a esperança é morta,

E a vida, é amarga ilusão!


Olhe para trás, veja quanta dor

Súplicas de paz, clamando amor...

Olhos sempre em trevas, mãos mendigam pão,

Bocas que não falam, e risos sem razão...


Deixe de chorar, / Volte a sorrir,

Você é tão feliz / Volte a cantar!

Faça uma prece, / Seja grato a Deus,

Ele sempre abençoa / Os filhos seus...


Ao final da melodia ela viu-os na tela mental e identificou, de imediato, que se tratava de três jovens suicidas que estavam sendo encaminhados para a sua ambiência espiritual por dona Yvonne Pereira, pois na manhã seguinte transcorreria a reunião mediúnica semanal do Hospital Espírita de Porto Alegre da qual Isabel participa desde o ano de 2007. Orou por eles, confortando também o seu coração que absorvendo as emanações de sofrimento daquelas almas enfermas ressentiu-se profundamente.

As impressões que os Espíritos suicidas vazam no perispírito dos médiuns são vigorosos treinamentos para a disciplina de almas rebeldes e que outrora estagiaram nessa mesma condição. Isabel, às vezes, na véspera das atividades, tem reflexos que vão desde as dores abdominais, enxaquecas, náuseas, insônia e também a tristeza profunda e que após o trabalho mediúnico somem como por encanto, atestando a sua natureza exógena, ou seja, originária de outra mente conectada a sua.

Na manhã seguinte, na reunião mediúnica nossos infortunados jovens começaram a ser tratados.

Frederika contou seu drama. Era uma jovem de família tradicional, de origem alemã, com uma rigidez de princípios e onde o distanciamento entre pais e filhos impedia qualquer diálogo e entendimento mais próximo. Revelou a carência afetiva, pois jamais recebera nem da mãe e menos ainda do pai qualquer afago ou expansão de carinho. No primeiro relacionamento afetivo teve uma gravidez não planejada, o que na família foi tratado como um escândalo. Quase sem poder completar as frases, dada a emoção em descontrole que tentava ser exaurida pela médium no choque anímico, a infeliz menina relatava os castigos físicos que lhes foram impostos, as execrações morais que impiedosamente lhe dirigiram, o desespero e a falta de esperanças, até que, na noite de Natal ela fugiu de casa, dirigiu-se a uma praia e afogou-se no mar para dar fim ao sofrimento, ao menos era o que pensava. As atenuantes para o ato criminoso, que somente o Criador conhece fizeram-na ser resgatada pelas falanges da “Mãe Amorosa”, em reduzido tempo, mas a dor consciencial por ter privado seu filho de uma existência gravou-se de forma intensa e dolorosa, mormente quando teve o conhecimento de que o suicídio não encerra, mas agrava as dores que experimentamos.

Naquele dia, do primeiro socorro na reunião mediúnica, Isabel, em desdobramento, foi atender a mãe de Frederika, pois o corpo da moça nunca foi encontrado e para a família ela foi dada como desaparecida. No entanto, a genitora inflexível e até mesmo cruel com a filha em muitas ocasiões, não o fazia por perversidade, mas em face da educação recebida, das circunstâncias de lugar e dos impositivos da comunidade onde estava inserida foi levada a tais posturas que favoreceram a decisão equivocada. Quando a filha sumiu, ela fez o que a sua religião prescrevia: muitos terços, missas e novenas foram rezadas pedindo pelo retorno de Frederika, em vão, mas de forma sincera.

A mãe, no entanto, sonhava com a filha saindo do mar e pedindo-lhe perdão. Comentava isso com o padre Carlos da Igreja de Nossa Senhora de Perpétuo Socorro, que batizara todos os seus filhos, acompanhando a família em suas práticas religiosas. O bondoso padre a confortou, dizendo que continuasse as preces que Nossa Senhora ouve todas as mães, sempre – E ele tinha razão.

A conversa com a mãe aflita se deu durante algumas noites após o primeiro atendimento feito pelo Grupo Yvonne. Ela nutre a certeza de que a filha está bem, em algum lugar, segura. O que não deixa de ser verdade, pois sob a proteção de Maria todos estamos bem. Suas orações agora se conectam com as de Frederika que depois de muitos anos amainou o remorso e continua a sua reeducação.


Referência: [1] Kardec, Allan. O livro dos espíritos (p. 46). FEB Publisher. Edição do Kindle.

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