Liberdade de Consciência, artigo de Divaldo Pereira Franco
Um dos grandes desafios que a sociedade moderna tem enfrentado, entre outros mais graves, é aquele que diz respeito à liberdade de consciência e, por extensão, a de expressão e conduta. Todos somos livres para pensar, ninguém podendo conseguir impedir-nos desse admirável sentido da vida.
Graças às conquistas democráticas, podemos expender os nossos conceitos em decorrência do pensamento desde que não venhamos a ferir o direito alheio.
Entretanto, não são poucos aqueles que se tornaram vítimas dessa liberdade, ao apresentar as suas ideias à sociedade. Sempre existem de plantão os cerceadores da liberdade dos outros, tentando cercear-lhes esse direito adquirido através dos séculos, quando as ideias apresentadas não obedecem aos seus padrões de pensamento e de conduta.
São proclamadores do direito deles e rudes atacam toda e qualquer expressão que não corresponde às suas paixões…
Fazem-se agressivos, voltando-se contra os idealistas e arrasando-os ou tentando fazê-lo.
Como os seus propósitos não são de iluminar consciências, partem para o ataque à pessoa e à sua conduta, assacando acusações mediante as quais os insultam e buscam manter intermináveis discussões nas quais exaltam as próprias qualidades, como se fossem os únicos que pensam e se apropriam de tudo que lhes deve passar pelo crivo da aceitação.
Na sua insânia acreditam que intimidam, quando procuram desmoralizar aqueles aos quais se opõem, arrogantes e temerários.
Não podendo discutir apenas no campo das ideias, perseguem os idealistas e estão sempre dispostos a sacrificar quem se encoraja a opinar livremente. Assim ocorre em todos os campos do pensamento.
Convém recordarmos que não se combatem ideias senão com outras superiores, e que toda vez quando um idealista é excruciado, o seu silêncio nobre, que resulta das convicções que mantém, mais desperta simpatia e credibilidade pela força do sentimento e a legitimidade do seu conteúdo.
Constitui um dever permitir a outrem o direito à liberdade que se desfruta, não lhe maldizendo o comportamento, muitas vezes sob a injunção da inveja e do despeito, travestidos de verdade e defesa do que abraçam.
Vale a pena repetirmos o pensamento de Voltaire, a respeito do tema, aliás, já muito conhecido: “Não estou de acordo com o que dizes, porém, defenderei com a minha vida o teu direito a expressá-lo.”
Os grandes líderes da humanidade pagaram esse pesado tributo, sofrendo a perseguição dos apaixonados, principalmente quando dominados por políticas arbitrárias que sempre perseguem aqueles que se lhes não aderem aos postulados partidários.
Vale, no entanto, ser livre, sem deixar-se afligir ou abater pelos seus perseguidores gratuitos.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 22-02-2018.