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Cuidar dos filhos, cuidar da família


Por Vinícius Lima Lousada [1]

“Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? – Uma recrudescência do egoísmo.”[2]

Vivemos em uma sociedade de consumo que nos exige recursos para a manutenção da vida, assumimos compromissos financeiros para tanto e trabalhamos para gozarmos o direito à aquisição, nada obstante toda a desigualdade em vigor.

Transitamos na dinâmica de distinção entre o necessário e o supérfluo, não somente para economizar, mas para não nos escravizarmos pelo consumismo.

Nesse ínterim temos a nossa família e, adultos, precisamos zelar pela que constituímos. A paternidade e a maternidade são missões que devem tributo às nossas consciências.

Organizemo-nos, também, para estarmos sempre que possível com os nossos filhos; nada é mais importante do que estar com eles, no momento presente, e fornecer-lhes as impressões positivas de um caráter responsável e amoroso através da convivência saudável e educativa.

Nossos pequenos tudo observam e recolhem, inconscientemente, das impressões que o núcleo doméstico lhes oferta, desde o ventre da mãe, onde os fluidos espirituais trocados, matizados pela natureza das emoções vividas no período gestacional do casal, afetam sobremaneira o desenvolvimento neurológico da criança e lhe fornecem subsídios, ainda que não tenha consciência disso, para se conectar com o mundo social em que transitará.

Rogamos ao Pai Celeste a oportunidade de manifestarmos o pai ou a mãe que poderíamos ser. Da mesma forma, considerando os ascendentes espirituais da família que apreendemos com o Espiritismo, consoante os textos de Allan Kardec, comprometemo-nos abrigar nossos filhos como seus tutores na Terra, seu guardiões e condutores, apesar dos limites que reconhecemos em nosso caráter e conduta que, verdadeiramente, devem ser alvo de nossos esforços no campo da autoeducação, ao longo do primoroso labor de ser pai ou mãe, pelo nosso bem e dos rebentos.

A família consiste em constelação de corações onde a Providência Divina nos permite estagiar, tendo em vista o nosso desenvolvimento espiritual no campo do afeto e da intelectualidade, a fim de que possamos superar o passado equivocado de outrora em existências pregressas, e construir de forma compartilhada um presente de plenitude e um futuro de paz.

Não demoremos a demonstrar afeto diariamente aos pequenos, pois o exemplo, ante as condições sociointeracionistas de aprendizagem de que todos somos dotados nessa faixa do desenvolvimento humano, é fundamental para que forjem no equipo cerebral as ferramentas para a vivência equilibrada do afeto e da empatia, tanto quanto, desenvolvam o psiquismo com sede de referências positivas.

Logo mais, a partir de nosso investimento moral, as crianças reproduzirão, na conta de comportamentos renovadores e felizes, os nossos dignos exemplos.

Tempo, apesar dos discursos materialistas em contrário, não é dinheiro, é oportunidade de vivência positiva e de reforço do amor por onde transitamos.

O nosso dever primeiro é com os nossos amores, sem apego ou sentimento de posse. Contudo, desapego não pode significar descaso com os compromissos espirituais assumidos antes do berço com a família consanguínea, parcela de almas que precisamos cativar pelo amor, para a soma de nossa inestimável família espiritual.

Recordemos, portanto, as palavras do Apóstolo da Gentilidade ao jovem Timóteo: “Mas se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”.[3]

Em vão procuraremos soluções para a paz no âmbito da convivência humana se não educarmos com respeito e amorosidade os nossos filhos.

Tudo indica que precisamos superar a insensatez de uma sociedade carente de valores espirituais, que promove variadas válvulas de escape a serviço do egoísmo e das posturas hedonistas, com suas glórias e gozos transitórios, para que muitos abandonem os deveres para com a sua família.

Lembremo-nos que a vereda familiar, em suas variadas configurações, constitui-se em escola abençoada onde nossos filhos e filhas podem encontrar diretrizes para um roteiro existencial profundamente libertador, e todos nós podemos, pelo amor recíproco, seguir crescendo para Deus.

[1] Educador, coordenador do Setor de Formação de Lideranças Espíritas - FERGS.

[2] O Livro dos Espíritos, questão 775.

[3] 1 Timóteo 5:8.

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