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Alfabeto: modelo de inclusão



Inclusão, como construção conjunta, encontra sempre nas parcerias a oportunidade de estabelecer relação interativa e ampliar a rede social e de alternativas possíveis, a partir do convívio com as diferenças. O mesmo acontece com o alfabeto, quando a diferença de cada letra se reúne com tantas outras diferentes e amplifica a comunicação, o vocabulário, o entendimento, a aprendizagem.

Isolada, a letra limita seu significado e importância, mas quando se articula com outra ou com muitas mais, os saberes tornam-se gradativamente enriquecido à medida que novas combinações acontecem para a formação de palavras e se aproximam da capacidade de entendimento deste ou daquele ser. O mesmo acontece com as pessoas, pois quando elas se mantêm restritas a um determinado espaço ou condição, as trocas levam a um empobrecimento e a probabilidade da rotina pouco ou nada estimula para a aquisição de novos horizontes.

Se letras e pessoas se associassem somente aos seus iguais, qual seria o desafio, a instigação para o surgimento de novos panoramas, alternativas e percepções da existência de algo que vai para além da mesmice e do distanciamento? Se letras e pessoas mantivessem sua segregação, qual seria o ganho evolutivo do idioma e da inteligência? Relações sociais com a diferença são tão importantes quanto as múltiplas chances ou perspectivas combinatórias de letras escritas, faladas e até sinalizadas!

Imaginemos se a letra l, por ser mais esbelta, não aceitasse de jeito nenhum um relacionamento com a letra o, mais gordinha e algumas vezes até obesa? Por certo não teríamos o bolo, a calopsita, o louvor... O i, por ser reto, não aceitasse aproximar-se da tortuosidade do s, não haveria a simpatia, o cais, a faísca... Se o f excluísse a letra e porque ela tem um traço mais do que ele, a felicidade, o professor, a fé não existiriam!

Sim, os iguais podem se relacionar muito bem e harmoniosamente, mas quando a igualdade é especialmente moral: neste caso, a preponderância é a da afinidade de sentimentos e valores e não da conformação física ou fisiológica. Igualdade não significa e não implica indiferença! A reunião pela igualdade moral não exclui, não nega o auxílio, não estigmatiza, não mantém uma concepção preconceituosa. Modelo é Jesus, pois mesmo tendo sua afinidade com os Espíritos puros viveu e conviveu com as diferenças, defendeu os direitos humanos, interagiu com a diversidade.

Alguém pode apontar os dígrafos consonantais ss e rr, contudo, o que seria deste dígrafo, o qual forma um outro valor ou som, se não houvesse uma interação com outras letras? Onde ficaria o passe, a passagem, a possibilidade, o arrependimento, a correção, a ferramenta...

Assim somos nós! Precisamos educar nossos conceitos e percepções e nos permitirmos para a interação com a diferença e com o diferente a fim de nos igualarmos em um mundo mais fraterno, solidário, justo, com uma sociedade livre de barreiras e fronteiras!

Como menciona Neio Lúcio: o "exército poderoso, à nossa disposição, está constituído, na atualidade, por vinte e três soldadinhos do progresso.

Separam-se, movimentam-Se, entrelaçam-se e dominam o grande país das ideias. Sem eles, cresceríamos para a sombra, quando não para a brutalidade. Em companhia desses auxiliares pequeninos, penetramos os santuários da ciência e da arte, aperfeiçoando a vida." (n.p.)

Porém, não fiquemos apenas no a-bê-cê do Espiritismo, mas aprendamos a silabar esse alfabeto porque, como encontramos na Revista Espírita, "passará muito tempo antes de haver esgotado todas as combinações e colhido todos os frutos. Não restam mais fatos a explicar? Aliás, os espíritas não devem ensinar esse alfabeto aos que o ignoram? Já lançaram a semente em toda parte onde poderiam fazê-lo? Não resta mais incrédulos a convencer, obsedados a curar, consolações a dar, lágrimas a enxugar? Há fundamento em dizer que nada mais se deve fazer quando não se terminou a tarefa, quando ainda restam tantas chagas a fechar? [...] Saibamos, pois, soletrar o nosso alfabeto antes de querer ler fluentemente no grande livro da Natureza. Deus saberá bem no-lo abrir, à medida que avançarmos, mas não depende de nenhum mortal forçar sua vontade, antecipando o tempo para cada coisa. Se a árvore da Ciência é muito alta para que possamos atingi-la, esperemos, para sobrevoá-la, que as nossas asas estejam crescidas e solidamente pregadas, para não virmos a ter a sorte de Ícaro." (p. 310-311)

Sejamos como as letras de um alfabeto includente. Jesus inclusivo aguarda por nós!


Referências:

LÚCIO, Neio (Espírito). Exército poderoso. In: ____. Alvorada cristã. Psicografado por Francisco C. Xavier. Brasília, DF: FEB, 1983.

KARDEC, Allan. O que ensina o Espiritismo. Revista Espírita. v. 8, n. 8, p. 303-311, ago. 1865.

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