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Perspectiva inclusiva e a união de todos ante os flagelos destruidores

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    FERGS
  • 10 de jun. de 2024
  • 4 min de leitura

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Sonia Hoffmann


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As diversas calamidades que vêm acontecendo no globo terrestre, e mais particularmente os danos vivenciados no Rio Grande do Sul pelas inundações e deslizamentos, conduzem para profunda reflexão sobre os flagelos destruidores.

Conforme os ensinamentos obtidos em O Livro dos Espíritos (Kardec, 2013b) acerca deste tema, Deus permite as destruições com a finalidade de acelerar o progresso da humanidade pela regeneração moral dos Espíritos, o exercício da inteligência do ser, demonstração da sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e a oportunidade de manifestar os sentimentos de abnegação, desinteresse e de amor ao próximo.

Na questão 739 do livro referido, Kardec indaga se os flagelos destruidores têm, do ponto de vista físico, utilidade não obstante os males que ocasionam?

Os Espíritos respondem: "Tem. Muitas vezes mudam as condições de uma região, mas o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam." (p. 338)

Para além das planificações divinas quanto a razão da ocorrência de algumas catÔstrofes, encontramos no livro A Gênese (Kardec, 2013a) que o ser humano, no globo terrestre, estÔ "ainda em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirÔ a causa das suas maiores comoções. Até que a humanidade se haja avantajado suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela observância das Leis Divinas, as maiores perturbações ainda serão causadas pelos homens, mais do que pela natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas". (p.163)

Uma pergunta invariavelmente surge quanto às catÔstrofes causadoras de mortes coletivas e como conciliar tal acontecimento com a ideia de plano e de harmonia universal. Léon Denis (2004) esclarece quanto a esta interrupção, informando terem chegado "ao seu termo previsto. São, em geral, complementares de existências anteriores quando, em consequência de hÔbitos desregrados, se gastaram os recursos vitais antes da hora marcada pela Natureza, tem-se de voltar a perfazer, numa existência mais curta, o lapso de tempo que a existência precedente devia ter normalmente preenchido. Sucede que os seres humanos, que devem dar esta reparação, se reúnem num ponto pela força do destino, para sofrerem, numa morte trÔgica, as consequências de atos que têm relação com o passado anterior ao nascimento. Daí, as mortes coletivas, as catÔstrofes que lançam no mundo um aviso. Aqueles que assim partem, acabaram o tempo que tinham de viver e vão preparar-se para existências melhores" (p.139).

Em tais aparentes infortúnios, tanto pessoas de bem quanto aquelas perversas podem sucumbir, pois o processo de desencarnação ou de sofrimento acontece para todos, independentemente da sua condição moral, de saúde, de enfermidade ou qualquer outra circunstância. Alguém por apresentar deficiência ou alguma outra diferença necessariamente não serÔ poupado de ser alcançado pelos efeitos das calamidades ou mesmo pela morte quando tais eventos acontecerem.

Porém, se toda e qualquer pessoa possa estar envolvida em episódios desastrosos ocasionados natural ou imprudentemente pela ação humana, o mesmo pode acontecer quanto à possibilidade de alguém com deficiência ou outra diferença atuar ativamente no acolhimento, colaboração em atitude fraterna e de união de esforços para auxílio de pessoas vivenciando momentos delicados resultantes de inundações, epidemias ou quaisquer outras calamidades. A vontade, fé, confiança e determinação não são exclusividades de quem, na atual existência física, não apresenta comprometimentos motores, visuais, auditivos ou de alguma ordem econÓmica, de sexo, gênero, acadêmica. A evolução moral e intelectual acontece para todos em suas possibilidades e capacidades para transpor situações desfavorÔveis.

Como refere LĆ©on Denis (2004), "na ordem social como na ordem privada, sĆ£o os obstĆ”culos sem-nĆŗmero, as necessidades, as epidemias, as catĆ”strofes! NĆ£o obstante, em frente das potĆŖncias cegas que o oprimem e o ameaƧam de todos os lados, o homem, ser frĆ”gil, ergueu-se. Por Ćŗnico recurso tem apenas a vontade e, com esse Ćŗnico recurso, tem continuado, sem trĆ©guas nem piedade, atravĆ©s dos tempos, a Ć”spera luta; depois, um dia, pela vontade humana, foi vencida, subjugada a formidĆ”vel potĆŖncia. O homem quis e a matĆ©ria submeteu-se. Ao seu gesto, os elementos inimigos, a Ć”gua e o fogo, uniram-se rugindo e para ele tĆŖm trabalhado. Ɖ a lei do esforƧo, lei suprema, pela qual o ser se afirma, triunfa e desenvolve-se; Ć© a magnĆ­fica epopeia da História, a luta exterior que enche o mundo. A luta interior nĆ£o Ć© menos comovente. De cada vez que renasce, terĆ” o EspĆ­rito de ajeitar, de apropriar o novo invólucro material que lhe vai servir de morada e fazer dele um instrumento capaz de traduzir, de exprimir as concepƧƵes do seu gĆŖnio. Demasiadas vezes, porĆ©m, o instrumento resiste e o pensamento, desanimado, retrai-se, impotente para adelgaƧar, para levantar o pesado fardo que o sufoca e aniquila. Entretanto, pelo esforƧo acumulado, pela persistĆŖncia dos pensamentos e dos desejos, apesar das decepƧƵes, das derrotas, atravĆ©s das existĆŖncias renovadas, a alma consegue desenvolver as suas altas faculdades. HĆ” em nós uma surda aspiração, uma Ć­ntima energia misteriosa que nos encaminha para as alturas, que nos faz tender para destinos cada vez mais elevados, que nos impele para o Belo e para o Bem. Ɖ a lei do progresso, a evolução eterna, que guia a Humanidade atravĆ©s das idades e aguilhoa cada um de nós, porque a Humanidade sĆ£o as próprias almas, que, de sĆ©culo em sĆ©culo, voltam para prosseguir, com o auxĆ­lio de novos corpos, preparando-se para mundos melhores, em sua obra de aperfeiƧoamento. A história de uma alma nĆ£o difere da história da Humanidade; só a escala difere: a escala das proporƧƵes." (p.122-123)

Portanto, ter uma deficiência ou dificuldade não é justificativa para alguém deixar de contribuir na ordem social dentro das suas possibilidades, pois cada um pode ou sente-se em condições de algo realizar, talvez com intensidades ou habilidades diferentes, porém, importantes na evolução da rede social. Abraços acolhedores, pensamentos edificantes, orações fervorosas e ações produtivas... tudo é vÔlido na constituição de conexões inclusivas diante das mais diversas experiências, desafios e aprendizagens oferecidas para o aperfeiçoamento da humanidade. Algo sempre pode ser feito quando alguém tem vontade de participar da epopeia da vida, sendo importante que o preconceito, a superproteção, o descrédito das demais pessoas não sejam a barreira impeditiva da colaboração includente. Nesta situação, uma boa dose de ousadia, de enfrentamento e de coragem pode ser adotada para o devido rompimento com o estigma e aconteça ampliação de horizontes.

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ReferĆŖncias:

DENIS, LƩon. O problema do ser, do destino e da dor: os testemunhos, os fatos, as leis. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

KARDEC, Allan. A GĆŖnese. 53. ed. BrasĆ­lia, DF: FEB, 2013a. Cap. IX – RevoluƧƵes do globo. p.163

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 93. ed. Brasília, DF: FEB, 2013b. Cap. VI ­ Da lei de destruição - flagelos destruidores, questões 737-741.


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