Pilares fundamentais das acessibilidades
Acessibilidades, um conjunto de estratégias conducentes à inclusão, apresenta pilares mais do que sustentadores de toda ação, mas tão importantes quanto tal fundamentação porque orientam ou dão uma direção a ser seguida como elementos sinalizadores da utilidade e êxito de determinada estratégia.
O acatamento às normas do Desenho Universal resume, em linhas gerais a observância necessária para a organização e disponibilização de alguma estratégia de acessibilidades. Sua filosofia primordial é a proteção de um mundo de acessos universais, sem barreiras ou segregações, alcançando extensa escala de habilidades individuais, sensoriais e de condição.
Inicialmente, desde 1963, o conceito de Desenho Universal se desenvolveu e difundiu entre os arquitetos, mas atualmente seus princípios são observados por todos profissionais e pessoas que se ocupam com a inclusão. O objetivo é possibilitar que objetos, edificações, ambientes, serviços, recursos, estudos e acontecimentos sejam utilizados e usufruídos por todas as pessoas independentemente de qualquer impedimento, tendo elas alguma deficiência ou não. Por este motivo, o conceito de universalidade em sua elaboração, pois abrange toda a diversidade humana.
Os sete princípios do Desenho Universal (DU), a serem observados e adotados internacionalmente, são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e estão caracterizados em: igualitário, adaptável, óbvio, conhecido, seguro, sem esforço e abrangente.
O Universal Design Institute orienta que a estes princípios também sejam associadas as questões econômicas, de engenharia, culturais, comunicativas, tecnológicas, de gênero, ambientais para abrangência de um público o mais diverso.
A aplicação prática e factível está na compreensão da essência e do objetivo de cada princípio ou pilar, os quais podem ser decodificados amplamente como:
- P1: Igualitário (ou de uso equiparável). Espaços, ações e recursos devem ser projetados de modo a serem manuseados e vivenciados por pessoas com diferentes capacidades, tornando as oportunidades iguais para todos. Isto implica haver fácil acesso, informações entendidas sem dificuldades, redução ou inexistência de barreiras.
- P2: Adaptável (de uso flexível). Os produtos, serviços e espaços precisam atender pessoas com diferentes habilidades e preferências diversas. As informações requerem ser disponibilizadas de maneira ampla, com sinalizações confiáveis, textos objetivos e sem rebuscamentos, atendendo as distintas maneiras de assimilação e aprendizagem de alguém.
- P3: Óbvio (ou uso simples e intuitivo). A estratégia solicita ser de fácil ou simples entendimento, sem complexidades no raciocínio. Qualquer pessoa pode acessar a atividade sem embaraços, independentemente da sua experiência, conhecimento e habilidades de linguagem. O desdobramento, ou a sequência da atividade, deve ser lógica e organizada de modo colaborativo com a construção do raciocínio de quem utiliza ou usufrui do recurso ou produto.
- P4: Conhecido (ou informação de fácil percepção(. As necessidades informativas de quem recebe, ou é o foco para quem existe o direcionamento, devem ser naturais, com amplitude de captação, acolhimento e entendimento (mesmo que as pessoas sejam estrangeiras, com ou sem alguma modalidade de deficiência ou transtorno). A comunicação pode ser apresentada de diferentes modos (palavras, desenhos, sinais, símbolos universais), cuidando para não haver ambiguidade ou duplicidade de compreensão.
- P5: Seguro (ou tolerante ao erro). O recurso ou atividade precisa ter uma organização que seja prudente, com previsão de evitar ou reduzir riscos, acidentes ou ações não intencionais. A comunicação e orientações precisam ser apresentadas com clareza, com linguagem simples e na ordem direta. Importante ter atitude ou indicação de que dúvidas podem ser esclarecidas, deixando a pessoa segura e à vontade para expor e resolver suas dificuldades sem constrangimento.
- P6: Sem esforço. Quem organiza a ação ou disponibiliza o produto, recurso ou atividade precisa prever que a pessoa receptora ou usuária não se sinta desconfortável, fadigada e acesse sem (ou com o mínimo) esforço físico. Quanto ao esforço mental, a informação, para se tornar eficiente, pode ser apresentada gradativamente, sem multiplicidade de solicitações ao mesmo tempo.
- P7 - Abrangente (ou dimensão e espaço favorável para aproximação e uso). A atividade ou recurso deve estabelecer dimensões e espaços apropriados para o acesso, alcance, manipulação e o uso, sem prejuízo do tamanho do corpo, da postura ou mobilidade do usuário.
A adoção de todos estes pilares, no entanto, para serem eficientes necessita prioritariamente que a atividade seja coerente, analisada e organizada com o máximo de atenção e sem improvisos; o público seja visualizado, percebido em suas necessidades e cuidado, e que haja receptividade para a solução de contratempos.
Assim como diversas estratégias de acessibilidades interagem, e muitas vezes se complementam, os pilares são ética, cultural e solidariamente interpenetrantes e antecipar e autenticar o êxito ou o fracasso do aproveitamento, caso não sejam observados, analisados e aplicados com prudência, evitando-se os improvisos e as negligências. Necessário é nos conscientizarmos que, se muito já foi conquistado, bem mais deve ser feito para a interação e a sociedade ser mais justa e fraterna.
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