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INCLUSÃO E ACESSIBILIDADES - Barreiras: empecilhos para a inclusão



A tendência natural de uma barreira é de impedir ou dificultar o desenvolvimento e a circulação de algo ou alguém em dada circunstância.

O surgimento de resistências, contratempos ou embaraços não é enfrentado por todos da mesma maneira. Enquanto para alguns representa desistência e frustração. Há quem utilize estes complicadores, em determinadas situações, incentivo ou justificativa para a inação. De qualquer maneira, para estas pessoas tais dificuldades causam danos bastante nocivos para sua constituição psíquica, não conseguindo evidentemente se desembaraçarem, fixando-se na perplexidade, imobilismo, revolta, pessimismo.

Para outras pessoas, porém, o encontro de obstáculos pode, muitas vezes, trazer resultados bastante satisfatórios e até mesmo estimulantes para a persistência, porque se fortalecem frente ao desafio e, com isto, realizam algumas aprendizagens bem significativas nestas ocasiões e se organizam a partir de diferentes estratégias. Com este comportamento, há grande probabilidade daqueles envolvidos no acontecimento despertarem e conquistarem novos horizontes morais e intelectuais.

Estes dois aspectos de reflexões se aplicam no desenvolvimento, amadurecimento e participação de alguém com deficiência no ambiente social, pois nenhuma deficiência serve de justificativa para deixar de ser aceito e entendido como cidadão; mesmo porque alguém com uma deficiência motora, sensorial, intelectual ou de qualquer outra ordem é um ser de possibilidades, partícipe da vida como Espírito imortal como todas as demais pessoas.

A Codificação Espírita apresenta o egoísmo e o orgulho como as duas grandes chagas e agravos evolutivos para a humanidade. Para as pessoas convivendo diretamente com a deficiência, e também para seus familiares, a presença de barreiras, tabus e preconceitos se associam a estas duas fontes prejudiciais para a demora na formação de uma sociedade

justa. Esse complexo de entraves constitui agravantes para sua organização, pois quando o outro social utiliza estes cinco elementos (egoísmo, orgulho, preconceito, tabu e formação de barreiras) a pessoa pode intensificar sua vulnerabilidade, gerando deficientizações periféricas. Cabe relembrar, porém, que de acordo com a estrutura psíquica e a capacidade resiliente de cada um, em determinadas ocasiões, o somatório destas atitudes possa servir como estímulo para o crescimento, a conscientização de que ela deve promover esforços para (re)educar-se e enfrentar adversidades.

A raiz da formação e presença de barreiras talvez não esteja somente na ignorância (como indicativo de desconhecimento), mas no egoísmo e no orgulho propriamente ditos. Joanna de Ângelis, no livro Seja feliz hoje, acresce também o componente vaidade humana ao mencionar que, nesta volúpia, "em sua cegueira, gerou o preconceito vão que, desde os primórdios da civilização, criou as castas em privilégio para alguns indivíduos e desprezo total por outros, embora pertencentes ao mesmo grupo étnico..." [...] "nada obstante, a inferioridade moral que predomina em alguns bolsões sociais constituídos por pessoas conflitivas, vem dando lugar a uma conduta cruel em relação aos demais, aquela que estatui os irmãos invisíveis, as pessoas-ninguém".

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em seu texto introdutório, refere a deficiência como o resultado da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras, por causa de atitudes e organização precária do ambiente, impedindo a sua plena e efetiva participação na sociedade, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

As barreiras podem ser classificadas em visíveis e invisíveis. Aquelas visíveis envolvem todos os impedimentos concretos, construídos, observados ou presenciados de ocorrência ostensiva, impedindo ou dificultando a inclusão e as acessibilidades para alguém a determinado espaço ou ação. As barreiras consideradas invisíveis dizem respeito ao modo ou entendimento escamoteado, camuflado sobre a maneira como pessoas com deficiências são percebidas, definidas, contextualizadas e que geram exclusões, clandestinidades e se propagam pelos preconceitos referendados ou não como capacitismos. São também aquelas que reduzem alguém a sua deficiência e diferença sem considerar serem pessoas com capacidades, habilidades e possibilidades expressas por situações alternativas ou por registros peculiares e viáveis conforme suas necessidades.

O medo de expor-se como originador de barreiras, infelizmente, ainda atualmente parece estar vinculado pura e simplesmente ao atendimento de dispositivo da legislação, maquiando sua vulnerabilidade e insuficiência de conhecimento, externalização de empatia ou alteridade.

Neste aspecto, a educação moral e intelectual são imprescindíveis para este processo de mudança. Porém, como menciona Léon Denis, a educação oferecida às gerações ainda é complicada, não esclarecendo a todos o caminho da vida, não favorece a tempera necessária para as lutas da existência, pois o ensino clássico tem seu predomínio muito em guiar para o cultivo da inteligência. Esta educação pouco inspira a ação, o amor, a dedicação, orientando os impulsos e os esforços de alguém para um fim elevado. Entretanto, o desenvolvimento desta concepção saudável é indispensável a todo ser, a toda sociedade porque é o sustentáculo, a origem das virtudes e das inspirações elevadas.

Allan Kardec diz ter certeza quanto aos benefícios trazidos pelo amor do bem, pela renúncia de todo sentimento de desvalia. Para ele, somente o egoísmo interpõe entre as pessoas uma barreira intransponível.

A eliminação de barreiras provavelmente atesta a qualidade moral de uma sociedade e oferece para quem vivencia alguma deficiência ou diferença sua oportunidade de emancipação. Outros estímulos existem para alguém aprofundar seu progresso moral e intelectual. Portanto, a omissão ou a negligência da sociedade para estas eliminações precisam ser prudentemente estudadas, consideradas e enfrentadas positivamente.


Referências:

ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Irmãos invisíveis. In: ____. Seja feliz hoje. Psicografado por Divaldo Franco. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 2016. Cap. 18.

DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor: os testemunhos, os fatos, as leis. 27. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004.

KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Ano II, n. 7, p. 274, jul. 1859.

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